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terça-feira, 27 de setembro de 2011

HERMES TRIMEGISTUS - CORPUS HERMETICUM - LIBELLUM 1 - O POIMANDRES









HERMES TRIMEGISTUS - CORPUS HERMETICUM
LIBELLUM 1 - O POIMANDRES

HERMES TRIMEGISTUS


1. Certa vez, quando comecei a pensar sobre as coisas que existem, e a minha mente
tendo ansiosamente se elevado até às alturas enquanto que os meus órgãos sensoriais
haviam sido limitados pelo sono , mas não um sono daqueles cujo corpo está entorpecido pelo excesso de alimento ou pelo cansaço físico, pareceu que me encontrei com um Ser vasto, de dimensões infinitas, que me chamou pelo nome e perguntou, 'O que você deseja ouvir e ver, aprender e conhecer através do pensamento?'

“Quem é você?', perguntei. 'Eu', disse ele, 'sou Poimandres, a Mente da Soberania.' Então eu disse, perguntei. 'Eu', disse ele, 'sou Poimandres, a Mente da Soberania.' Então eu disse, 'Gostaria de conhecer as coisas tal como são e compreender suas Naturezas e obter um conhecimento de Deus. Essas, ' disse-lhe, 'são as coisas de que desejo ouvir.' Ele respondeu, 'Sei quais são os seus desejos, porque na realidade estou com você em todos os lugares e momentos. Mantém em mente tudo o que você deseja aprender e eu lhe irei ensinar.

Quando havia assim falado, imediatamente todas as coisas mudaram de aspecto à minha frente e abriram-se para mim num clarão. Então contemplei uma visão sem limites; tudo tornou-se Luz, suave e alegre e me maravilhei com o que vi. Logo depois, numa parte começou a descer uma escuridão, terrível e fantasmagórica... Logo depois pude ver que a escuridão estava se transformando numa unidade, que se agitava por todos os lados e produzia fumaça como se fosse um incêndio; eu a ouvi produzindo um som de indescritível lamento porque dela nascia um gemido inarticulado. Mas daquela luz surgiu uma santa Palavra, que se assentou por sobre a humidade, me parecendo que fosse a voz da própria Luz.
E Poimandres falou para que eu ouvisse e disse-me, 'Compreende o significado do que
viu?' 'Conte-me o seu significado', eu disse, 'e então eu compreenderei.' 'Aquela Luz,' disse ele, 'sou eu, a Mente, o Primeiro Deus que existia antes que viesse aquela humidade que apareceu da escuridão; e a Palavra que surgiu da Luz é o Filho de Deus. 'Como assim?' perguntei. 'Aprende o meu significado', disse ele, 'olhando para aquilo que tem dentro de você; porque também em você a palavra é o filho e a mente é o pai da palavra. Não estão separados um do outro porque a vida é a união da palavra e mente.' Então eu lhe disse, 'Agradeço-lhe por tudo isso.'

'Agora fixa o teu pensamento sobre a Luz', disse ele, 'e aprende a conhecê-la'. E assim

dizendo, olhou-me demoradamente, olho no olho, de forma que comecei a tremer frente ao seu aspecto. E quando ergui novamente a cabeça, vi em minha mente que a Luz consistia de inumeráveis Poderes e que havia se tornado num mundo ordenado, mas sem limites.AA9 Isto percebi em pensamento, vendo tudo isso através da palavra que Poimandres havia me dito. E quando fiquei espantado, ele falou novamente e disse, 'Você viu em sua mente as formas arquetípica, que existem antes do início das coisas e que são ilimitadas'. Assim falou Poimandres para mim.

Então eu disse, 'Conte-me como é que os elementos da natureza vieram a existir?' Ele

Respondeu.

Eles nasceram do Propósito de Deus , que contemplou aquele mundo de beleza e o copiou. A substância húmida, tendo recebido a Palavra, foi modelada num mundo ordenado, com os elementos dela sendo separados e dos elementos surgiu toda a gama das criaturas viventes.



Um Fogo puro pulou fora da humidade e ergueu-se no alto; o fogo era luz, impulsivo e activo. Logo depois, o ar, também como luz seguiu ao fogo e ergueu-se até alcançar o
fogo, separando-se da terra e água de forma que parecia estar suspenso a partir do fogo. E o fogo foi dominado por um poder poderoso, subjugado e mantido firme. Mas a terra e água mantiveram-se em seus lugares, misturadas juntas, como se não existissem... mas eram também mantidas em movimento, por razão daquela palavra que se assemelhava a um sopro que se movia sobre a face da água. E a Primeira Mente, aquela Mente que é Vida e Luz, sendo de natureza bissexual, deu origem a uma outra mente, o Fazedor de Coisas e esta segunda Mente deu origem aos Sete Administradores do Fogo e do Ar, que com as suas órbitas englobam todo o mundo perceptível pelos sentidos e a sua administração é denominada de Destino.

E logo em seguida, a Palavra de Deus pulou dos corpos dos elementos da natureza que tendiam a ir para baixo, em direcção ao corpo puro do qual havia sido formados e uniu-se com a Mente do Criador, porque a Palavra era da mesma substância daquela Mente. E os elementos da natureza, que tendiam a ir para baixo ficaram sem a faculdade da razão, pois tornaram-se mera matéria.

E o Fazedor de Coisas trabalhou junto com a Palavra e, englobando as órbitas dos
Administradores, girando-os ao redor com um movimento turbulento, fez circular os corpos que havia feito e os fez revolver, viajando a partir de um ponto que não é fixo em direcção a um objectivo que não está determinado; porque a sua revolução se inicia onde termina.

A Natureza, tal como o Fazedor de Coisa havia desejado, originou a partir dos elementos que tendiam a ir para baixo os animais que não possuem a razão, porque ele não mais tinha consigo a Palavra. O ar produziu os pássaros e a água os peixes, a terra, que já havia sido dela separada, originou os animais de quatro patas e as criaturas que rastejavam, as bestas selvagens e mansas.

Mas a Mente Pai de tudo, ele que é Vida e Luz, deu origem ao Homem, um Ser como
Ele. E Ele deliciou-se no Homem, como sendo Seu próprio Filho; porque o Homem era verdadeiramente algo divino de ser contemplado, apresentando a semelhança de seu Pai. Foi com boa razão que Deus deliciou-se com o homem; porque era na própria forma de Deus que Deus estava se deliciando. E Deus conferiu ao Homem todas as coisas que haviam sido feitas.
E o Homem tomou o seu lugar na esfera do Fazedor e observou as coisas que haviam
sido feitas pelo seu irmão, que se situavam na região do fogo; e tendo observado a criação do Fazedor nessa região, ele quis também fazer coisas por conta própria e seu
Pai deu-lhe a permissão de fazer isso... possuindo nele todas as habilidades e poderes
dos Administradores; e os Administradores alegraram-se com ele e cada um lhe deu
parte de sua própria natureza.




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